Uma dos meus maiores dilemas nos meus estudos sobre moda sustentável: como concorrer com a alta variedade e baixo custo do Fast Fashion (apesar da baixa qualidade evidente).
Esse consumo, que cresce de forma exacerbada, causa muitos impactos negativos, tanto ambientais quanto sociais, uma vez que o descarte de roupas nem sempre é feito de forma adequada, e de acordo com uma pesquisa feita pela McKinsey a durabilidade das peças nos guarda roupas das pessoas diminuiu pela metade nos últimos 15 anos. Além disso as confecções utilizam uma quantidade grande de água, produtos químicos, energia em excesso, e vale ressaltar as, já conhecidas, péssimas condições de trabalho em uma boa parcela das fábricas têxteis.
A expansão das lojas fast fashion, e seus inúmeros lançamentos de coleções durante o ano são as maiores responsáveis por criar essa necessidade de consumo cada vez maior. A tendência da ostentação, do “quanto mais melhor”, faz com que as pessoas acreditem que vale mais comprar várias peças baratas, ainda que durem muito pouco, a adquirirem uma peça a preço justo e com boa qualidade.
Contamos atualmente com diversas iniciativas interessantes, é possível perceber que há um esforço para frear essa moda descartável, ainda que em baixa escala. Conheço aqui em Belo Horizonte empresas que produzem roupas a partir de reuso de tecidos, brechós super charmosos, peças produzidas de formas sustentáveis, muito bonitas e vendidas a preço justo, entre outras iniciativas que levam a sério a questão da sustentabilidade na moda.
Mas para haver uma mudança real as grandes marcas e fábricas precisam aderir de alguma forma um papel dentro desse movimento, pequenas iniciativas cumprem bem sua função, mas não atingem as grandes massas. Caso continuem tratando essa questão como secundária, os custos e prejuízos socioambientais que a moda descartável pode causar será maior que o planeta pode suportar. Para se ter uma ideia o consumo de moda aumentou 400% nos últimos 30 anos, e sem esse processo de conscientização a tendência é aumentar.
O relatório feito pelo Mckinsey sugere como uma das possíveis soluções a reciclagem de tecidos, com destaque para a tecnologia de reciclagem química, já utilizada por algumas empresas como a Levi, na produção de jeans produzidos com resíduos de algodão. Outra opção interessante relatada, e voltada para a população, é o investimento em ações de conscientização para reduzirem os gasto de água e energia nos cuidados com suas roupas.
O consumo e moda sustentável devem ser tratados com a devida importância tanto pelo mercado, quanto pelo consumidor, as pessoas precisam enxergar que cada ação causa um impacto, que cada peça descartável comprada se ornará um lixo a mais, que existem formas de consumir sem alterar a satisfação de sua necessidade de estar bem vestida e no caso do mercado, sem grandes prejuízos ao seu lucro.
Fonte da pesquisa: http://www.mckinsey.com/business-functions/sustainability-and-resource-productivity/our-insights/style-thats-sustainable-a-new-fast-fashion-formula