Por que limitamos nossas relações?

Sempre me perguntei isso, e não, eu não estou fazendo um texto com a resposta, mas vale a reflexão. Quando nos envolvemos romanticamente com alguém de certa forma aquele relacionamento acaba no instante em que começa. Parece estranho, mas depois do envolvimento romântico as pessoas não sabem se relacionar, e é por isso que digo que limitamos nossas relações.

Para mim é completamente possível continuar amiga de pessoas com quem já tive um relacionamento, a amizade sempre foi algo muito importante para mim, talvez por isso evito tanto os relacionamentos convencionais eles tem a péssima mania de ruir amizades.

Na grande maioria dos casos as relações são mais de pertencimento do que amorosas propriamente ditas. “MEU namorado, ou MINHA namorada tem que seguir um padrão de comportamento dentro do meu limite e controle”, caso contrário brigas ou términos. Parece absurdamente horrível né? Mas praticamente todos os relacionamentos são assim.

Eu ainda sonho com um mundo onde as pessoas saberão lidar com a liberdade, com menos marcação de território e mais expressões de carinho e confiança. Se você permanece ao lado de alguém em quem não confia e sente necessidade de acompanhar ou questionar cada passo ou amizade sinto lhe informar que isso não é um namoro, é uma relação sistema prisional e presidiário em condicional… rs

Mas o ponto principal de tudo isso é: as pessoas se comportam assim por falta de autoestima. Sim, essa insegurança tem como base o excesso de comparação e falta de confiança em si mesmo. E sério, você pode ser a pessoa mais linda do mundo, se não acreditar nisso qualquer babaca vai comer sua autoestima com angu na janta.

Acho péssimo quando alguém limita uma pessoa a “ex” . E óbvio, não estou dizendo que se uma pessoa namora precisa sair regularmente com a ex pra manter uma amizade, mas tratar qualquer pessoa com o mínimo de respeito e educação não faz mal e nem arranca pedaço.  Eu acredito  que as relações de amizade algum dia superarão essas convenções ridículas que afastam as pessoas.

Quantas vezes já percebi pessoas que se afastaram ou julgaram minhas atitudes por achar que eu dei em cima ou já tive um caso com alguém que elas gostaram ou namoraram? As pessoas perdem a possibilidade de criar belas e sinceras amizades por ignorância, perdem até mesmo grandes chances de parcerias profissionais, simplesmente por achar que o mundo gira em torno de romance, quando na realidade cada pessoa tem uma missão, uma motivação muito maior que isso para viver.

Por outro lado há também as pessoas que acreditam que simplesmente por existir uma afinidade precisa haver um encontro amoroso, gente, o mundo tem bilhões de pessoas, você pode ter afinidade com bilhões, isso mesmo, bilhões, não ache que só porque alguém é incrível, pensa parecido, tem afinidades, esse alguém tem que te namorar, transar com você ou dedicar atenção exclusiva. Vamos respeitar a liberdade de ser, de sentir, de querer, de vivenciar cada coisa a seu modo. Vamos parar de colocar moldes para permitir que alguém participe da nossa vida. Vamos apreciar o que cada pessoa tem a oferecer sem prejulgar, sem temer, sem achar que tudo que a pessoa faz é por sua causa, as vezes (na grande maioria das vezes) o que ela faz não tem nada a ver com você ou é para te atingir, mesmo assim nos sentimos ameaçados, afrontados, desafiados.

Os relacionamentos que são baseados em controle de energia são um tanto quanto doentios,  quando a base é o medo, a insegurança, o ciúme, a provocação, na realidade você pode nem querer estar ao lado da pessoa, mas quer saber e mostrar que ela te pertence, isso ocorre tanto em relações amorosas, como em relações de amizade e também dentro da nossa própria família.

As pessoas não respeitam mais a liberdade do outro, abandonam tudo o que foi vivido, a amizade, o carinho que sempre tiveram por situações banais, e assim vamos nos afastando uns dos outros, criando bolhas que julgamos ser de proteção mas que são pura solidão e mágoa. O ego ferido por um momento, por mal entendidos, por fraqueza acaba se tornando mais importante que toda a história que foi construída… assim perdemos amigos, amores, pessoas especiais nas nossas vidas.

Acho que a gente tem que resgatar aquela atitude de quando éramos crianças… você não queria saber se aquela pessoa nova seria sua próxima namorada, você não fazia ideia de que aquela pessoa nova poderia roubar sua ideia, seu namorado, muito menos sabia se ela era mais feia, mais bonita, mais rica, mais pobre, mais interessante, ou inteligente que você. Quando a gente era criança o nosso prazer era simplesmente brincar, conhecer e fazer novos amigos… todo o resto, principalmente a competição e os limites foram ensinados, de forma errônea e inconsequente, pelos adultos.

Se vivermos com plenitude o nosso ser, se observarmos mais e julgarmos menos veremos que os limites que impomos para as relações vão desaparecer, nosso ego deixará de se julgar tão superior, ou tão inferior, nos veremos como iguais, e assim conseguiremos fazer a humanidade caminhar para uma vida mais próspera.

 

Lívia Monteiro é escritora, produtora de eventos, especialista em gestão cultural e MBA em Gestão de Projetos com aprofundamentos em Dragon Dreaming, Facilitação de processos e Otimização do tempo. Adora falar sobre moda, filmes/séries, livros e viagens. Atualmente está em processo de criação de um novo projeto de autoconhecimento e crescimento com a AmaiLuz Terapias e atua como analista de Marketing Digital e blogueira Modacad.